terça-feira, 14 de julho de 2009

Querido Diário...

É a terceira vez que apago essa postagem. Passei um bom tempo tentando recolher informações para um texto interessante mas nada encontrei além de meus próprios pensamentos. Sempre os mesmos, acabavam dando nos antigos parágrafos que eu tenho tentado esquecer.

Entretanto há coisas difíceis de se esquecer. Alguns dias atrás depois da caminhada noturna de sempre, eu viajava na minha cama fumando o último cigarro do dia quando resolvi entrar na internet por mais algum tempo. Enquanto o computador iniciava eu ficava pensando que realmente minha vida estava bem.

Pensei nos meus amigos, em como eles tem sido bons para mim. Sorri pelas pessoas novas que eu conheci e como eu deveria ter me aproximado delas antes. Me aproximei de uma menina muito legal, ela rosna às vezes mas adora cavalos e agora ela está cuidando de alguém que é quase como um pedaço da minh'alma (não é o cavalo u.u). Eu fiquei contente por isso.

Confesso que no começo eu senti um pouco de medo. Sempre que pessoas que eu gosto muito começam a namorar após passar por um longo período de abstinência (solteirice) a tendência é que o mar de rosas inicial cause um afastamento. Bom, até agora tudo corre bem e espero que verdadeiramente tenha me enganado naquelas palavras que disse antes, caso você esteja lendo isto =).

Eu quis poder pensar que tudo correrá bem mas as experiências que eu vivi dizem o contrário no que tange muitas coisas. A primeira delas é esta nova aparição (pretendo fazer um texto solo pra isto) que parece desvanecer antes mesmo de que eu possa vislumbrar seu rosto.
A segunda é aquela velha indiferença que distingue (5) TRÊS pontos de vista diferentes!!!
E a terceira é que...
óh meu Deus... O PCC VAI MATAR MEU FILHO!!

Só piadas internas, brincadeirinha. Acho que é só a primeira mesmo.
Tomara que tudo dê certo, não é diário? Tomara que eu possa continuar sem saber o que eu estou sentindo.

A idiotice é essencial para a felicidade.
Carmani

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Açougue xXXx

Tentou abrir os olhos. Inútil. O cheiro ocre de carne apodrecendo infestava seu olfato aguçado.
As pálpebras estavam pesadas demais. Seus pés não encostavam no chão. Sentia frio, muito frio.
O barulho de um exaustor infernizava seus ouvidos, não se lembrava onde estava, que dia era. O que raios havia acontecido? Onde estava e quem o levou até lá?

Sua pele estava rígida e sentia uma dor no braço direito como se o houvesse partido em algum momento. Não se lembrava do próprio nome, só pensava no frio e em sair dali. Qualquer lugar era melhor do que ali. Precisava de calor e tinha que ser rápido.


Os olhos finalmente se abriram, preguiçosos. Uma pequena luz distante iluminava o ambiente. Suas costas haviam sido penetradas por um gancho e suspendiam o seu corpo do solo numa cena macabra.
Muitos outros homens, ainda desacordados, jaziam pendurados em ganchos como o rapaz. Completamente nus, as cabeças pendendo tristemente como se fossem cientes de sua condição, não expressavam emoção alguma.

Alguns tinham cabelos compridos, outros tinham rostos angelicais. Os ferimentos variavam de hematomas horríveis no rosto até fraturas imensas nos joelhos, exceto por um único ferimento em comum: Uma ferida do lado esquerdo do peito como uma recém operação. Pontos costurados em todos eles fechando o corte pelo qual algo parecia ter sido retirado. Tentou se recolher aos seus pensamentos quando fazia como criança e escutar, sentir o sangue fluir pelo seu corpo. Mas não conseguiu, não conseguiu ouvir seu próprio coração. Eles o haviam roubado, calado-o para sempre.

Depois de algum tempo um ruído de serralheria fez-se ouvir e uma voz feminina recitava frases sentenciosas como "O problema não é você, sou eu" ou "não vou atendê-lo agora, deixarei ele pensar mais um pouco em mim" e dizia também "Já deu o que tinha que dar eu não quero me relacionar agora, tenho medo, estou confusa, prefiro não me envolver, não dará certo entre nós dois.".
Uma grande esteira, logo depois destes ultimatos, começava a funcionar levando o pobre infeliz, vítima destas palavras cruéis, até um moedor de carne. Acima dele próximo ao gancho, flutuava um coração. Logo, era depositado o coração numa bandeja e este era dilacerado até nada mais que uma poça de sangue.

Risadas? As vezes.
Remorso? Nunca.
Só aqueles perenes olhos indiferentes numa mulher fria mesmo que conhecida.
Não, não conhecia aquela mulher, não mais.
Volta e meia uma pequena pontada de ressentimento passava pelo cenho.
Raramente um sorriso malicioso, ódio.

Atrelada a um mastro por sobre um pedestal iluminado, uma representação ferida e sangrando da mesma mulher. Chorando a altos brados, sobrepunha o barulho do exaustor e enchia o recinto com a dor que só uma prisão eterna pode proporcionar.
Era o bloqueio dos antigos açougues pelo qual passara. A resultante fora aquela criatura vil que agora criava o seu próprio abatedouro, destruindo os poucos pontos de luz que ainda insistem em brilhar nas trevas.

O rapaz havia entendido. Estava dentro da cabeça de um comum. Calmamente relaxou os músculos. Sabia o que iria acontecer. Sabia também que não era a primeira vez, mesmo que não se lembrasse, que estava num local assim.
Renasceria das cinzas.
A poça de sangue se reverteria no antigo coração.
Não deixaria de acreditar.

Foi pensando nisso que levemente sorriu e deixou o corpo balançar no gancho.

Esperaria sua vez.



No dia que o último dos inocentes deixar de acreditar, a humanidade encontrará seu fim.
Carmani

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Inexistência...

(Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas para todos aqueles que visitam este site. Estive ausente por algumas semanas por motivos de força maior. Não fazia idéia de qual era meu e-mail rsrsrs. Agradeço às visitas vindouras daqueles que persistem em verificar se há postagens novas e declaro que voltei ao funcionamento normal de minhas atividades.)


Inexistência...

Algum tempo já havia se passado desde a última vez que havia conseguido se aproximar de alguém com um interesse repentino. Era difícil compreender os viéses que cercavam as pessoas: Suas indecisões e sua complexidade diante de fatos simples e viáveis de uma vida comum. Lutava todos os dias para não padecer defronte pensamentos batidos e atitudes recorrentes em pessoas distintas!

Muitas noites passaram desde que falou de seus sentimentos para aqueles desconhecidos ternos pela última vez. Levando em consideração tal falta, o derradeiro dos fatos foi realmente impressionante.
A noite caía plácida num contexto extremamente incomum para Brasília: Eventos agitados aconteciam em três pontos diferentes da cidade, e seus habitantes se concentravam, dividindo-se pelos estilos e vontades nesses três locais para beber, divertir-se e liberar as feras presas dentro de si mesmos.

Quantas investidas numa parede de tijolos seriam necessárias para que aquele rapaz amargurado encontrasse aquilo que desejava?
Sentia saudades fortes daquilo que havia tido e lhe foi tirado.
Sentia mágoa por ter perdido aquilo que um dia encontrou e que logo depois, talvez por prudência mundana, talvez por egoísmo, refutou veementemente.

Uma estrela Brilhou no céu escuro, solitária, e uma outra junto com muitas outras, na pista de dança, que formava o asfalto escuro. Os rodopios velozes e precisos somados ao sorriso jovial atraiam a atenção das pessoas em volta do garoto cheio de alegria.

A paixão pela dança fluía pelas suas veias assim como o suor descia despreocupado pela testa. Com um chapéu bem encaixado na cabeça, seu rosto ficava meio oculto, deixando apenas os dentes aparecerem anuviados, enquanto exibia orgulhosamente as damas que lhe concediam o prazer de valsar junto a elas ao som da sanfona e do triângulo.

De repente, a escolhida surgiu e o sorriso abriu-se maior e mais radiante do que nunca. O sol daquela noite só poderia estar concentrado naqueles sedosos cabelos loiros. O mel das bebidas vendidas a um preço exorbitante, nem em dez gerações conseguiria superar o doce daquela boca, e porfim, as passadas precisas, quase clínicas, do dançarino perspicaz, não eram páreo para aquelas curvas desenhadas com cuidado perfeito pelo Criador.

Desde a radiância dos cantores esperados até a hora da despedida na chuva, permaneceram juntos.
Tudo parecia tão bem.
Talvez se soubesse de antemão que nada daquilo que parecia estar acontecendo era verdadeiro, teria se relegado a ficar dançando até que o dia mostrasse sua face. Entretanto, o péssimo hábito de se importar e acreditar nos outros fez com que ele se aproximasse, conversasse, sorrisse e abrisse seu coração para alguém que nada mais queria além de uma noite divertida com um desconhecido qualquer.

Ah, dor que se alastra, pensamento que atormenta: Errei novamente! Fui vencido pellos jogos sociais, minha confiança na pessoa alheia traiu-me mais uma vez!
E tudo aquilo que conseguia pensar quando no Domingo (tudo aconteceu no Sábado) deitou a cabeça no travesseiro, era uma pergunta macabra, desanimadora e niilista para os apaixonados de todo o mundo:

Será que ela realmente existe?
Carmani

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sonhando com Borboletas

Maldito Lorenz, pensava ele. Caminhava lentamente pelas ruas tentando discernir a ressonância de seus passos e a ordem de seus atos. Como aquilo afetaria seu universo dentro de instantes? As oportunidades surgem como e por que? Será que a opção num determinado contexto é muito mais do que uma simples escolha e aquilo pode cambiar para sempre o curso da vida do escolhedor?

Ficou criando hipóteses sobre isso enquanto acendia o último cigarro do dia. O vento estava forte naquela noite, bagunçando os cabelos comportados e extremamente castanhos do rapaz. O porte de nerd e o linguajar intelectual, motivo de chacota e de irritação para muitos, agora se convertia em uma dúvida serena estampada na face: O que acontecerá no próximo segundo? Haverá um outro depois deste?

Esperou ansioso durante alguns instantes como se esperasse que a Terra explodisse, mas nada aconteceu. A lua continuou no mesmo lugar, um cachorro latiu em algum ponto distante, o vento soprou ainda mais forte e o padrão de seus cabelos mudou novamente. Nada de super novas, alienígenas ou furacões. Sentia-se extremamente frustrado por não conseguir ver coisas grandes e pelas pequenas passarem despercebidas. Que a simplicidade fosse tamanha que sua complexidade exacerbasse o limite racional.
Pensou com seu coração e soltou um sorriso tímido. Todas as relações, beijos, carinhos, brigas, viéses e lágrimas teriam uma relação para algo maior ou só para o próximo algo? Se não pegasse o ônibus na segunda-feira e sim o metrô, isso definiria sua morte? Acreditava que sim.

Seria Deus um homem? Uma inteligência que compreendeu todas as variáveis do universo e a resumiu em uma única fórmula? O passado deixaria de existir e também o futuro, nesses termos. Para um Ser assim, tudo se passaria no presente. Bom, pelo menos Ele teria bem mais facilidade em aprender línguas, poderia eliminar muitas conjugações verbais com seu novo estado de consciência.

A W3 estava vazia, como sempre durante a madrugada brasiliense. Panfletos de compra e venda de ouro voavam pelo asfalto ao sabor do vento e volta e meia num canto soturno, uma figura disforme observava de soslaio o transeunte solitário. Sentiu-se feliz por não saber de tudo.
Imaginou que apesar dos pesares, seus últimos atos tinham conduzido a uma situação bastante confortável, que a magia do caos dá certo e que Deus não só joga dados com o universo, como diria Einstein, como também os joga onde ninguém possa vê-los. Atravessou a fronteira despreocupado, pela parte de cima. Esperou o dia seguinte pacientemente. Chegou às portas de sua morada sem um pingo de suor, com um pouco de sede e sem cigarros, louco por um bom banho e o sumiço daqueles pensamentos malucos.

Esta noite dormiria aguardando o caos e seus atratos paradoxalmente ordenados. Sonharia com um fractal da natureza e faria um desenho no dia seguinte. Mostraria a todos no final do dia que o mundo estava para acabar e que mesmo assim todos estavam felizes. Conceberia a verdade da existência e assistiria seus ossos se convertendo de chumbo em ouro pouco antes do Juízo Final.

pluralitas non est ponenda sine neccesitate

Carmani

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sociedades Secretas

Sociedades.

Não se decidiu até hoje se estas existem ou não. Pode ser que seja apenas um fruto da ideologia de uma classe ditadora e não um conceito sociológico per se. O fato é a existência de um sinônimo que explicita sociedade como um quatitativo de cidadãos de um país regido por um sistema político, instituições nacionais e um conjunto de normas próprio.

Sociedade vem do latin societas "aliança amigável", este por sua vez deriva de socius "companheiro". Mas a etimologia não é o objeto de estudo deste texto e sim o quão podemos ser surpreendidos pelas coisas incompreendidas no nosso universo.

Dentro de uma determinada comunidade, sociedade ou qualquer outro nome que seja dado, pelo menos nos termos racionais (na biologia, sociedade significa um grupo de animais que vivem em conjunto tendo algum tipo de divisão de tarefas), existem grupos e associações adjacentes, obscuras, escondidas debaixo dos panos que muitas vezes passam despercebidas pela massa de indivíduos preocupados com sua rotina costumeira. Maçons, Illuminati, Strigoi, a Sociedade do Anel (?), entre outros são exemplos clássicos do que falamos. Todas as grandes metrópoles possuem grupos desse tipo e como tal, Brasília não é diferente.

Por outro lado, Brasília engloba por trás de sua face de cidade política comunidades inteiras de pessoas gentis, legiões de intelectuais, grupos extensos de babacas e uma reca sem precedentes de idiotas sem cérebro mas todas estas não são secretas e sim implícitas. Nesse caso, nem uma organização formal existe! Apenas uma troca de afinidades e juízos de valor que mantém seus componentes unidos.

As sociedades secretas podem funcionar das maneiras mais diversas: De cunho fechado aceitando membros apenas por indicação, de grupo social (emos), de classe financeira (academia de tênis? quem malha naquele lugar?) ou podem até mesmo nem ter a pretensão de serem secretas.

É exatamente o sentido que tento colocar em epígrafe. Esse tipo acaba por exemplificar apenas um mundo diferente cujas pessoas que não vivem nele, estão numa superfície, universo tão distinto que não realizam sua existência. Acabam cegas pela sua própria noção de ver as coisas e esquecem de manter os ouvidos atentos ao burburinho sussurrado nas entrelinhas de uma conversa despreocupada.

As pessoas reunidas nesses lugares dos mais conflitantes sabores os frequentam afim de conseguir algo de interesse mútuo, seja bebendo do mesmo cálice ou perambulando pelas árvores durante a noite. O líquido profuso descendo pela garganta ou o vulto soturno caminhando lentamente e olhando-o mesmo que você não veja o brilho de seus olhos, não é o êxtase que se busca: A verdadeira contenda e anseio se foca no objetivo a ser atingido.

Isto é tão forte que pode trazer pessoas solitárias para locais assim e revoltar outras que passam em frente estranhamente sapientes do que se passa e ao mesmo tempo fora de contexto. Aquilo que nos resta em momentos assim, no que tange os fora de contexto, é um retrato contemporâneo das velhas algaravias medievais de camponeses atirando pedras à moça albina, condenada de bruxaria pelo seu defeito genético, ou no velho herborista praticante de medicina com corpos roubados de um cemitério qualquer, só que mais verbal do que físico logicamente.

Elencados esses argumentos, podemos concluir que a sociedade tem como uma de suas funções trazer a satisfação de desejos e necessidades dos seres que a compõe, que não precisam ser necessariamente nobres ou aceitos por todos, mesmo que outros seres, componentes ou não dessa sociedade, não saibam disto.

A vida muda e o contexto muda quando conhecemos uma sociedade diferente. Somos engolfados por uma tempestade de novas texturas e impressões que jamais poderíamos imaginar que aconteciam ali, debaixo de nossos bigodes. Cabe a nós apenas escolher
entre o conhecimento e a ignorância a partir do instante que a oportunidade nos é oferecida.
Você sabe do que estou falando?
Carmani

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Os Efeitos do Ópio - Primeira Parte

Modelos... Cada pessoa dentro de seu próprio pensamento, idealiza um parceiro ideal para estar ao seu lado. Alguém que possa corresponder às suas expectativas. Noções básicas de amor e aceitação nas acepções do idealizador as quais, em sua maioria, não refletem a verdade.

A explosão de sensações e atitudes repentinas decorrentes do processo de comunicação pode ser algo bem assustador para os despreparados: Uma palavra errada, um sorriso que possa transparecer sarcasmo ou mesmo atitudes forçosamente condicionadas para a correspondência de um desejo podem, e fazem com que tudo saia da maneira errada. E assim acabam casamentos, amizades de décadas e amores perfeitos.

Essa visão, reação das coisas que acontecem, advém de que todos nós cumprimos papéis sociais nos locais que frequentamos. A maneira com a qual agimos em nosso trabalho, jamais será a mesma que procedemos em nossa casa. Neste viés, podemos supor que a interação social em si, apesar de ser uma maravilhosa ferramenta, permitidora da evolução humana, dá uma margem imensa a dissimulações, embustes, falácias, mentiras, safadezas, fuleiragens e todo o tipo de cachorrada que algum no sense queira fazer com outro.

Ora, as pessoas não esperam exatamente isso? Estar inserido em algo previsível cujo contexto é estático em maior parte dos casos e totalmente dedutível? Bom dia se responde com bom dia! Um sorriso se responde com um outro sorriso. Seguir estas normas implícitas não é somente uma conduta socialmente aceita como também o jeito mais agradável de se relacionar com os outros, não é?

É... Entretanto esse contexto não marca o que realmente somos em sua totalidade. Somos particionados, o somatório de dezenas de papéis, comportamentos, status e reações nas mais diversas situações (mesmo sendo defronte um espelho). Aí é onde mora o perigo.

Quantas vezes você já foi comprado pelo seu modus operandi?
E a velha frase: "você não era assim...", já a ouviu?
Os enganos são comuns, eu arrisco dizer, são inevitáveis. Aí é onde mora o amor.

O dito sentimento se faz pela capacidade de superação.

Pelo descobrimento,mesmo que tardio, dos medos e sonhos daquele(a) que está ao nosso lado.
Não é o engano em si o portador do amor, tampouco é uma prática consciente desta "enganação" (isto se chama mentira), e sim o significado do que vale a pena ou não.

O amor é uma questão de pesos.
É a capacidade de discernir, aceitar e sacrificar pelo outro, em prol do outro.
É adorar ao ponto de não somente suportar os defeitos mas de vê-los como algo saudável, nato e que permite crescimento.
É enlouquecer de saudade não pelo fato do objeto de seu desejo não estar ali e sim porque ele se foi no dia anterior e você sente medo.

Esse é o sonho, mas os modelos nunca são aquilo que realmente queremos. O que o homem mais quer e ao mesmo tempo mais teme são surpresas:

Dar um sentido na vida, um novo direcionamento, mas ao mesmo tempo algo capaz de mostrar a ele o que se tornou e quão acomodado está.

Os ideais são feitos de sonhos mas não são sonhos. Modelos não são feitos de sonhos.
Claro, todos temos problemas. Os cinco sentidos do homem são fiéis, mas tendenciosos às ações inerentes a todo ser.

Logo:

Só enxergamos o que queremos,
Só comemos o que gostamos,
Só farejamos desconfiança,
Só ouvimos falar mal dos outros,
Só tocamos o que nos toca antes,

E por isto e aquilo continuamos na espera...

Qual é o som de um sentimento?


Carmani

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Uma mescla de luzes

Não conseguia compreender direito a cena que estava vendo: a luz do poste que se extendia defronte o garoto de cabelos arrepiados, as três da manhã de um domingo, parecia se misturar com a árvore que a circundava.

Tinha que parar de beber. Tinha que parar de fazer estas caminhadas ridículas no meio da noite. Não era seguro para o corpo nem para o espírito.

Lá estava eu novamente, o garoto. Fazia uma noite calma, com vento nas copas das árvores quase aleatoriamente dispostas pelas quadras mórbidas brasilienses, uma cena comum de uma cidade que não tem hora do rush, que morre pouco antes do quarto minguante e que esconde suas pessoas aos domingos.

Agora quero que você imagine, perspicaz leitor, como é está mesma cidade numa madrugada de domingo: Nenhuma alma nas ruas. Volta e meia vê-se um carro passando cantando pneus ou despreocupadamente passeando com seu condutor trôpego, mas é só.

Se eu fosse esta cidade eu sentiria saudades das pessoas nos domingos. Eu invejaria o faustão, detentor de mais atenção por parte de meus habitantes do que eu com meus ipês! Invejaria as camas quentes e me entristeceria pelas almas que em minhas ruas vagam, sem que possam lembrar-se de si mesmas, por não haverem espelhos em volta com suas antigas faces nos rostos.

Eu teria raiva dos vândalos. Mas nem raiva, depois de um pedaço, poderia sentir deles. Afinal, quem me vê depois do ocaso senão eles? Quem liga mesmo que pejorativamente senão eles?

Se eu fosse esta cidade eu mandaria ao diabo o título de patrimônio histórico e ansearia o amor dos mais velhos que aqui estão, e que cada vez menos vejo passear nas entre quadras, com seus sorrisos costumeiros e olhar distante.

Se eu fosse esta cidade eu invejaria aquele garoto. Porque ele como alguém que tem suas raivas, seus impulsos e a quem direcioná-los, pode pensar somente nele, se assim desejar. Ele pode se arrepender, mesmo que não possa voltar atrás, e pode se lamentar por ser tarde demais quando sente falta de algo que perdeu.

Ele pode ficar arredio e soltando faíscas pelas pontas dos fios de cabelo só para provar um ponto de vista. Mais do que tudo isso, diferentemente de mim, ele tem sete dias de vida por semana.

A única coisa que eu, se fosse esta cidade não invejaria, é a capacidade do ser humano de não se importar.

É a ausência de perguntas.

Você se importa?
Carmani

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Reencontro...

"Eu queria poder me expressar sem que você já soubesse tudo que se passa dentro de mim. É tudo tão difícil. Você me conhece bem. Hoje conversei com um amigo antigo. Ele estava tão mudado: barba grande, trabalhando em algo que parecia gostar. Era alguém diferente de antes. Minhas lembranças dele no passado são como a lembraça que tenho de nós: juntos sempre, compartilhando ideias. Mas daí tudo mudou de supetão para ele e para nós. Nem vimos em que instante da vida mudamos! E nem ele porque...

Tornou-se outro indivíduo.

Estou cansado deste conformismo que nós nos colocamos. Quero poder sair com os meus amigos e saber o que dizer, sabe? Saber o que pensar em relação a nós e a tudo que se passa na nossa vida. Quantas vezes você desvaneceu na hora que eu mais precisava? E quando eu estava caído, para onde você tinha ido? Quero que você me conte sua história, dos lugares que visitou e se trouxe algo para mim. Quero que me afague o espírito e deixe-me comportar-me como se fosse tua criança novamente. Como na época que brincávamos disso, lembra-se?

Eu senti saudades.

Espero que você possa me perdoar por ter sido fraco na sua ausência. Hoje as coisas mudaram, estou trabalhando também, minha vida vai passando e talvez meus tempos sem ninguém estejam no fim. Nunca se sabe. O que você queria que eu fizesse? Depois que você foi embora eu não consegui mais escrever os mesmos versos. Na verdade, eu não escrevia versos. Meu sentimento se resumia a um círculo vazio de giz branco, que me enredava num espaço limitado desprovido de qualquer coisa exceto um vazio infinito.

Eu também mudei.

Consegue imaginar como me senti? Consegue elucubrar como é não sentir? Não havia raiva, nem dor, nem tristeza, nem nuvens, nem inspiração, nem rancor, nem esperança. Não havia ideia, nem identidade, só inércia. Eu caminhava sozinho de madrugada, às vezes. Ficava pensando comigo sem você! Onde você poderia ter ido? Volta e meia numa esquina eu clamava pela sua volta, esperando que em um dado segundo, você me arrebatasse de maneira pueril, nem que fosse rapidamente. Senti vontade de te sentir no meu coração como antes, poder respirar e dizer: Não se tornará fugaz, minh'alma!

Mas mágoa em mim, não há.

Minha raiva passou, eu te perdoei. Espero que tenha me perdoado também, espero que a recíproca dos meus sentimentos seja verdadeira. Que tenha sentido saudade, chorado de noite pela minha falta e ficado carente como eu fiquei pelo simples fato de te amar demais! Venha até mim e diga que somos um só de novo, que podemos ser felizes e lidar com nossos conflitos, porque eu te amo!

E eu não me sinto mais fraco.

Deixe estar, deixe rolar, vamos viver! Venha comigo, vamos para a cama. Já está muito tarde e amanhã eu levanto cedo demais. Gostaria de se levantar comigo? Poderíamos escrever uma poesia, você me ajuda? O convite que mais quero fazer a você agora, é: Vamos fazer o meu, o nosso coração bater por nós mesmos?

(Esboçou um sorriso)

Venha, vamos dormir."

E, dizendo isto, o rapaz, consternado com o que acabara de fazer, com o diálogo sincero que havia tido com sua outra parte, desligou as luzes de seu quarto, serenamente saiu da frente do espelho e foi dormir.



Você e eu somos muitos, mesmo que apenas um.



Carmani

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Instrumentos De Medida (?)

Quando estamos no Ensino Médio, é bastante comum, volta e meia em uma matéria ou outra, ouvirmos falar de algum tipo de instrumento de medida. Nós crescemos com eles, algumas vezes nascemos com eles e segundo a capacidade inata do homem de estabelecer convenções, fazemos destas coisas sem significado, quando ausentes de um contexto padronizado, um referecial para nossas vidas.

Falando em um contexto puramente científico (qualquer relação com pessoas e eventos reais ou fictícios é mera coincidência) temos o Barômetro para a pressão, o amperímetro para amperes, a régua para centímetros, o bom senso para asneiras, a antiga frase "eu vi em algum lugar que era do jeito que eu havia dito" para pessoas que não reconhecem erros, entre outros.

Agora o que me impressionou e impulsionou a escrever o texto do dia sobre isto, foi uma conversa que ontem tive com uma amiga (totalmente entedida do assunto diga-se de passagem) enquanto a contava algo que havia acontecido comigo naquela noite. Papo vai papo vem, ela me falou que algumas pessoas nascem com um tipo de feeling especial denominado "bibômetro".

Esta explanação é muito simples: A palavra advém do gaygro (lê-se guêigro, a transcrição fonética é ['gygro] ) e dos dois radicais; metro que equivale a medida e bibos que significa entre outras coisas, indivíduo dotado de sensibilidade acentuada, purpurina em volta, afinidade com o seres do mesmo sexo (bofes) de qualquer maneira que envolva muito saltos serelepes e coisas "bááááááárbaras".

Reparem que quando eu digo isto eu realmente me refiro a purpurina (O.o) OMFG.

Bom, voltando à entrevista, minha amiga comentou que entre outras nomenclaturas, este senso de medida para quem é biba (derivação também proveniente de bibos. O verbo se realiza como bibar, leia-se: eu bibo, tu bibas, ele biba e assim por diante. Não confundir a conjugação verbal na segunda pessoa do presente masculino singular com o substantivo biba, você pode acabar em maus lençóis caso não fale sério) é também conhecido como "gaydar".

Percebam a genialidade da mente humana no que tange a capacidade e abrangência que a língua compreende como potência: o primeiro radical é anglo-saxão e significa feliz, o segundo é uma variação pouco usual na qual se mixou através de um processo de hibridismo a palavra "radar" que eu mesmo não faço idéia do que significa (se alguém souber por favor, edifique-nos com este conhecimento tão importante para nossa existência) para expressar uma espécie de localizador que identificasse estas pessoas tão peculiares em seu jeito de ser.

Curioso com a questão, questionei que cada localizador possui um sinalizador para seu reconhecimento. Seja por ondas de satélite, por ondas mecânicas (vibração?) , sinal de celular, microondas e muitas outras, e ela simplesmente me respondeu que eu estou completamente certo: A pessoa que originalmente tem um nível alto na escala do bibômetro, "apita" automaticamente para as pessoas que o detêm, inconscientemente, como um sinalizador universal maravilhoso criado pela natureza, algo quase místico.

A bibologia não é uma ciência exata. As pesquisas recentes tem demonstrado que altos níveis de sensibilidade ou até mesmo contextos sociais podem afetar seriamente no funcionamento do bibômetro. Variações causadas por emoções fortes, segundo o pesquisador nacional de ciência ocultas e doutor em letras apagadas Autista, o Tzimisce, impressões fortíssimas podem ser deixadas no local causando uma espécie de curto-circuito no aparato, causando a leitura de informações errôneas.

Estas pesquisas também tem mostrado que algumas pessoas (eu sou uma dessas! lol) possuem um tipo especial de vibração empolgante que dispara por vezes o apito do bibômetro. Estes seres miseráveis estão condenados pelo resto de suas vidas a serem considerados pitelzinhos, bofes, bonitinhos, gatinhos, fiu-fiu's pelo mais variado tipo de biba, sejam elas as qua-quas (no sentido de pato), as poc-poc's (onomatopéia para o salto) ou qualquer outra.

Ora, imaginem que se toda biba apitasse no sentido literal, os guardas de trânsito não existiriam mais! Logo, não é a versão denotativa da palavra a qual me refiro (caso contrário o que teria de despertador tocando no meio da noite não ia estar no gibi). A entrevistada não deu mais informações sobre o assunto, mas definitivamente se acabou de rir no processo. Ela se recuperou da crise e passa bem.

Como já foi comentado brevemente por mim em outros textos, existe uma relação visceral que diz quando um outro homem está dando em cima da sua amada descaradamente. Diferentemente disto, o bibômetro pode aparecer em qualquer sexo. Muitas mulheres possuem um bibômetro aguçadíssimo, o que de maneira alguma é uma variação do sexto sentido tão conhecido, segundo esta mesma amiga. "Você simplesmente sabe", disse ela.

Então se você tem um bibômetro, parabéns! Pode ser que você seja o próximo passo na escala evolutiva, um bom observador ou que simplesmente não tenha tido nada melhor pra fazer do que ficar lendo este tipo de texto (=D).

Ah, e se você é como eu, que de vez em quando dispara o aparelho sem querer, não fique triste e sorria de quem sofre do mesmo mal.

Afinal, eu já estou rindo de você.

Se convenções podem ser um legado, porque a aceitação também não pode?
Carmani

terça-feira, 28 de abril de 2009

A Sapiência Azul

Desde o momento que o despertador tocou, estridente, o rapaz na cama a poucos metros dali já sabia, ainda dormindo, que não deveria se levantar.
Os olhos se abriram e a garganta explodiu em chamas, a dor se alastrava ao longo da traquéia e causava imenso desconforto. Os olhos inchados com muitas olheiras e a fronte inflamada como se houvesse dormido com a testa em cima de uma chapa de fast food contribuíam para aquele conhecimento adiantado: o dia não seria nada fácil.

Se levantou a contragosto enquanto um vento gélido percorria seu corpo quase desnudo fazendo-o estremecer. Olhou para o céu lá fora e voou para qualquer lugar que não fosse o que ele deveria estar dali a pouco menos de uma hora.

Depois dos tratamentos de praxe; banho, café da manhã (e quando digo café da manhã eu realmente me refiro a uma xícara de café) e roupas formais, saiu apressado afim de tomar o ônibus. Todos sabemos que quando o dia vai ser de cão e você tem carro, você opta pelo ônibus.


Nós todos também sabemos que você apenas se lembrará que esqueceu alguma coisa quando estiver longe demais para voltar e perto o suficiente para ficar muito puto.

Sabemos que se você deixar passar um ônibus meio cheio para esperar um mais vazio, um muito mais cheio do que aquele chegará no último momento e o motorista só estará adiantado com o horário dele se você estiver atrasado com o seu.

Resmungou pela ausência dos fones, do crachá necessário no trabalho e de um maço de cigarros extra. Da próxima vez esqueceria a cabeça, não era tão importante. Chegando no ponto com um cigarro no bico e pensando em nada mais além de sua cama, quis voar novamente no céu. Havia esquecido o isqueiro (¬¬') porém encontrou na rua, uma moça que tinha fósforos.

O céu de Brasília, como diz um sábio escritor, é o mais azul do Brasil e o Brasil tem o céu mais azul do mundo. Apesar da brisa frígida e daquele jeito sem graça de segunda-feira, o céu possuía o azul demonstrado na bandeira, límpido, sereno, com cores que variavam de um amarelo leve próximo ao sol que nascia tímido, até um gelo potente que retratava as nuvens dissolvidas na madrugada anterior, agora parte do orvalho que cobria a grama que molhou seus sapatos de camurça insistentemente durante a caminhada até onde pegaria a condução.

Ficou ali naquela relação íntima com o celestial, dentro de um transporte que só tinha espaço nas portas e janelas (do lado de fora) até chegar ao seu destino final (o cigarro tinha acabado faz tempo, vocês não perceberam?). Infelizmente onde tinha ido não haviam muitas janelas e só pôde ver o céu uma vez mais até a hora do almoço. Uma dor de cabeça fortíssima o atormentava. O Céu ainda estava azul, entretanto.

A tarde transcorreu com o humor mudando para a melancolia e o céu para um cinza emburrado, querendo mostrar o quanto era poderoso. Havia mandado uma mensagem a ela pela manhã. Tinha ligado, sem resposta. Estaria bem? Não o havia respondido. Sentia saudades.

A garganta continuava doendo quando a noite começou. O dia se transformou de um ciano bonito a um cinza carregado, acompanhado de uma leve chuva, quando saiu novamente para pegar o ônibus. Não havia mais azul no céu e nenhuma estrela conseguiu uma brechinha na cortina de nuvens negras que havia nessa noite. Não conseguiu ver o pôr do sol tampouco e isto o entristecia.

A prova na qual deveria ter se saído bem foi péssima. Havia estudado tanto! Um branco enorme de idéias, o conteúdo fugiu. Só conseguia pensar no céu enquanto lá dentro. Ela não havia ido à universidade e depois de uma troca de mensagens, disse estar no hospital. Antes disto já chovia um pouco mais.

Hora de ir pra casa, o mundo estava desabando. O cigarro havia acabado e mesmo que não houvesse, seria mais fácil fumar uma lanterna que acender uma chama qualquer naquele tempo. Praguejou a ausência dos fones de novo, mas desta vez sentiu mais pelo casaco que também esquecera.

Disse a ela que estava indo embora. O ônibus chegou novamente, pela quarta vez no dia, e uns dois minutos depois de entrar lá, a chuva diminuiu um pouco. Não poderia ter diminuído quando estava espremido no ponto com outras pessoas que tentavam se abrigar do temporal que se abatia sobre eles? Divertiu-se por uns instantes com esse pensamento. Nos tempos imemoriáveis a desgraça humana já era motivo de entretenimento; hoje em dia as coisas não haviam mudado tanto. Mas com certeza estavam mais discretas.

Uma canção perpassou a cabeça levando aquela reflexão para longe.


Uma mensagem chegou.
Ela dizia que sentia muito por tantas nuvens, dizia que sentia falta dele, dizia que estava bem e que queria vê-lo em breve.


Foi então que uma estrela apareceu no céu e piscou para o jovem sorrindo feito bobo. A estrela permaneceu uns bons dez minutos no curso do ônibus, brilhando em um ritmo oscilante como a respiração de quem está correndo. O movimento das nuvens finalmente a encobriu, todavia sempre uma outra aparecia num viés para dar um tchauzinho para aquele dia que terminava e para que o rapaz virasse a cabeça rapidamente com os olhos faiscantes, como se estivesse próximo a desvendar os mistérios do universo, chamando a atenção das pessoas ao redor e fazendo papel ridículo.

Saltou do ponto encharcado, ciente de uma nota ruim, mais doente do que nunca, morrendo de fome, sem os fones, o cigarro, o casaco e até mesmo o azul... Mas ainda assim sorria.

O rapaz entendeu que em algumas poucas vezes, bem poucas, a saudação de um anjo faz valer a pena ter vivido o inferno.

Deitou a cabeça no travesseiro, contente, alimentado, seco, medicado, ouvindo uma música baixinha e bem aquecido. Mas acima destas coisas: Deitou-se com o pensamento no céu do dia seguinte e no sorriso que traria ao rapaz novamente...


E antes de adormecer, desejou isso...



"Qual o valor de um gesto para você?"
Carmani

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Capricho, fuxico, tititi, mimimi e outras revistas...

Artigos femininos! Quem entende os tablóides tão divulgados hoje em dia?
Toda semana vou até a banca de jornal próxima do apartamento onde moro,
afim de comprar a última edição de alguma revista qualquer (não é a que vocês
estão pensando) e me espanto com o fluxo e refluxo de notícias fúteis que
enormes revistas (Caras
ou o que?) ou pequenos folhetins explicitam sobre a
última namorada do galã da novela das seis da rede globo.

Parando para avaliar de uma maneira fria; moças, o teste
"Qual é o namorado perfeito?"
de uma revista criada por um editor(a) entediado(a) que está louco(a) para
trabalhar em algo realmente sério não vai dizer o seu futuro amoroso,
sinto decepcioná-la.

Eu digo isto pois mesmo que algumas leiam só por curiosidade, sem que ninguém
esteja olhando, sempre pode haver aquela esperançazinha malévola guardada
em algum canto escuro da alma e a maldita caneta para você preencher as
questões do teste e avaliar o número de letras A, B, C ou D que você conseguiu,
sempre aparece nas mãos como que por encanto.

Ora, alguém lê este tipo de cultura, não é? Caso contrário todos os tablóides sumiriam.
Pergunte ao seu jornaleiro quem compra este tipo de revista e você ficará embasbacado
com a resposta: executivas, médicas, arquitetas, universitárias e seus respectivos
masculinos em alguns casos (?).

Os homens devem estar se acabando de rir agora (eu mesmo estava, tenho que confessar)
mas tenho que fazer uma ressalva para as moças inteligentes. Aquelas que não gastam
o seu tempo lendo este tipo de porcaria e que na maioria das vezes ou estão solteiras
ou com algum cara mais velho.

Tudo isso se deve a um motivo muito simples: O quantitativo artigos de revista feminina
que falam sobre assuntos fúteis sem qualquer embasamento teórico, só é superado
pela quantidade de homens burros que existem no planeta.


"Pior do que uma leitura ruim é a ausência da mesma."

Pergunta comum de marido para esposa à mesa do café: " Amor, você viu o caderno esportes?"
Carmani

domingo, 26 de abril de 2009

Um dia de nuvens(?).

Fazia pouco tempo desde que aqueles dois jovens haviam se encontrado pela última vez.
A bobagem que cometera um deles marcava a sensação de culpa em seu coração, dor esta
que apenas contrastava com a mágoa guardada no peito do outro, agora desconfiado.


Não havia muito o que fazer. Nestas situações a atitude que deve ser tomada é bem simples:
Dizer aquilo que sente, ser sincero consigo mesmo e torcer para que acreditem em você. Mas claro, eu estou divagando.


O domingo transcorria sem problemas. Como sempre, a fumaça anuviava o semblante do
quarto deixando um cheiro forte de tabaco, numa tentativa do garoto ali a soltar baforadas despreocupadas, de parafrasear sua alma e retratar naquelas ondas sibilantes
de gás tóxico, as inseguranças e os medos que o faziam estremecer quando a noite caía e o
silêncio tomava conta.

Haviam duas pessoas no local; um deles estava entretido com o computador e seu mundo de informação, enquanto o
outro tentava não transtornar-se com as ligações não respondidas daquela que habitava seus
pensamentos já há algum tempo.

Foi quando o celular deu sinal de vida; um festival de cinema
acontecia e ela disse que se ele quisesse poderia aparecer por lá...

Talvez se soubesse o rapaz
as surpresas que aquele pedido simples, aquele comentário despretensioso, quase
desinteressado daquela menina fossem causar, ele teria se escondido, temeroso em suas
cobertas e esperado o dia amanhecer sem sair de lá.

Depois que as coisas acontecem, a raiva se instala, a tristeza floresce e os sentimentos se esvaem como um fluxo contínuo de essência de qualquer que seja o lugar onde estes residem dentro de nós,
não há muito o que se pensar além de; "Bom, acho que isto acontece com todo mundo". Seria ótimo se pudéssemos controlar todos
os impulsos que seguem diretamente de nosso cérebro até a boca ou os braços no caso da
vontade de descer a mão em alguém, mas nem sempre é possível ser humano desta maneira.

Foi o azar do rapaz naquela noite. Não importa o que as mulheres digam: Quando um homem
quer estar com uma mulher de uma maneira que está além da amizade platônica que até hoje elas acreditam existir, e ele se empenha nisto, outros homens percebem na mesma hora as intenções do dito gavião.

Pode parecer machismo mas não o é, moça de nariz torcido que lê estas linhas; é mais ou
menos como um sexto sentido masculino, entendam desta forma, algo que nasce dentro de cada ser com testosterona em excesso no corpo.

Por isto, se você homem, quiser se manter sóbrio perante o melhor amigo dela que dá em cima
descaradamente e que você não suporta nem o fato de que ele esteja no mesmo universo que você, tente olhar as estrelas, criar suposições malucas sobre os halos de luz que se
formam em volta dos postes mal cuidados e parecer agradável e descontraído se você conseguir
(eu não consigo) sem criar uma atmosfera ruim.

Tratar mal as pessoas é algo realmente muito feio, mas quando sentimos algo muito forte fica
difícil se controlar. Os namorados enciumados são conhecidos pelas explosões repentinas de fúria quando vêem que sua amada está sendo cortejada por outro e muitas vezes nem o status quo de namorado existe!

Foi por ter aprendido a lição anteriormente citada, que o rapaz se manteve o
mais impassível que seu ódio o permitiu ao ver o par de mãos se entrelaçando. A visão da mão
dele por cima da dela dando noção de posse, malditos conhecimentos de linguagem corporal, não o fez saltar no pescoço dele como um leão
ferido que defende a própria sobrevivência, por apenas um fiozinho de prudência que ainda restava numa consciência que agora estava como uma criança de cinco anos que tenta conter um rottweiler ensandecido.

A noite transcorreu com uma tensão leve, raramente percebida ou veementemente ignorada,
e pontuada por discussões particulares entre ele e ela que irrompiam sem mais nem menos.
Entretanto na hora da despedida, seus olhos brilharam como as estrelas escondidas pelas
nuvens daquele começo de semana rotineiro, aquele jeito bonitinho e sensível com o qual ela falava, tocou aquele coração duro (como vocês conseguem fazer isto?) e
amargo, cansado demais de sofrer e ser rejeitado pelas pessoas que julgava certas.

Confissões enquanto o dito-cujo esperava no carro, o garoto agora mais calmo queria deixá-la em casa mas teve que ceder a conveniência, um beijo escondido, risos abafados e ao já mencionado olhar.

É, tudo estava bem, no fim das contas.

"Foi pouco depois das nuvens que o domingo acabou."

Apesar disto, remanesceu um sorriso.

"Hey este é meu primeiro post. Espero que gostem."

Carmani