domingo, 26 de abril de 2009

Um dia de nuvens(?).

Fazia pouco tempo desde que aqueles dois jovens haviam se encontrado pela última vez.
A bobagem que cometera um deles marcava a sensação de culpa em seu coração, dor esta
que apenas contrastava com a mágoa guardada no peito do outro, agora desconfiado.


Não havia muito o que fazer. Nestas situações a atitude que deve ser tomada é bem simples:
Dizer aquilo que sente, ser sincero consigo mesmo e torcer para que acreditem em você. Mas claro, eu estou divagando.


O domingo transcorria sem problemas. Como sempre, a fumaça anuviava o semblante do
quarto deixando um cheiro forte de tabaco, numa tentativa do garoto ali a soltar baforadas despreocupadas, de parafrasear sua alma e retratar naquelas ondas sibilantes
de gás tóxico, as inseguranças e os medos que o faziam estremecer quando a noite caía e o
silêncio tomava conta.

Haviam duas pessoas no local; um deles estava entretido com o computador e seu mundo de informação, enquanto o
outro tentava não transtornar-se com as ligações não respondidas daquela que habitava seus
pensamentos já há algum tempo.

Foi quando o celular deu sinal de vida; um festival de cinema
acontecia e ela disse que se ele quisesse poderia aparecer por lá...

Talvez se soubesse o rapaz
as surpresas que aquele pedido simples, aquele comentário despretensioso, quase
desinteressado daquela menina fossem causar, ele teria se escondido, temeroso em suas
cobertas e esperado o dia amanhecer sem sair de lá.

Depois que as coisas acontecem, a raiva se instala, a tristeza floresce e os sentimentos se esvaem como um fluxo contínuo de essência de qualquer que seja o lugar onde estes residem dentro de nós,
não há muito o que se pensar além de; "Bom, acho que isto acontece com todo mundo". Seria ótimo se pudéssemos controlar todos
os impulsos que seguem diretamente de nosso cérebro até a boca ou os braços no caso da
vontade de descer a mão em alguém, mas nem sempre é possível ser humano desta maneira.

Foi o azar do rapaz naquela noite. Não importa o que as mulheres digam: Quando um homem
quer estar com uma mulher de uma maneira que está além da amizade platônica que até hoje elas acreditam existir, e ele se empenha nisto, outros homens percebem na mesma hora as intenções do dito gavião.

Pode parecer machismo mas não o é, moça de nariz torcido que lê estas linhas; é mais ou
menos como um sexto sentido masculino, entendam desta forma, algo que nasce dentro de cada ser com testosterona em excesso no corpo.

Por isto, se você homem, quiser se manter sóbrio perante o melhor amigo dela que dá em cima
descaradamente e que você não suporta nem o fato de que ele esteja no mesmo universo que você, tente olhar as estrelas, criar suposições malucas sobre os halos de luz que se
formam em volta dos postes mal cuidados e parecer agradável e descontraído se você conseguir
(eu não consigo) sem criar uma atmosfera ruim.

Tratar mal as pessoas é algo realmente muito feio, mas quando sentimos algo muito forte fica
difícil se controlar. Os namorados enciumados são conhecidos pelas explosões repentinas de fúria quando vêem que sua amada está sendo cortejada por outro e muitas vezes nem o status quo de namorado existe!

Foi por ter aprendido a lição anteriormente citada, que o rapaz se manteve o
mais impassível que seu ódio o permitiu ao ver o par de mãos se entrelaçando. A visão da mão
dele por cima da dela dando noção de posse, malditos conhecimentos de linguagem corporal, não o fez saltar no pescoço dele como um leão
ferido que defende a própria sobrevivência, por apenas um fiozinho de prudência que ainda restava numa consciência que agora estava como uma criança de cinco anos que tenta conter um rottweiler ensandecido.

A noite transcorreu com uma tensão leve, raramente percebida ou veementemente ignorada,
e pontuada por discussões particulares entre ele e ela que irrompiam sem mais nem menos.
Entretanto na hora da despedida, seus olhos brilharam como as estrelas escondidas pelas
nuvens daquele começo de semana rotineiro, aquele jeito bonitinho e sensível com o qual ela falava, tocou aquele coração duro (como vocês conseguem fazer isto?) e
amargo, cansado demais de sofrer e ser rejeitado pelas pessoas que julgava certas.

Confissões enquanto o dito-cujo esperava no carro, o garoto agora mais calmo queria deixá-la em casa mas teve que ceder a conveniência, um beijo escondido, risos abafados e ao já mencionado olhar.

É, tudo estava bem, no fim das contas.

"Foi pouco depois das nuvens que o domingo acabou."

Apesar disto, remanesceu um sorriso.

"Hey este é meu primeiro post. Espero que gostem."

Carmani

4 comentários:

  1. Tente postar uma vez por dia só. Hahaha.

    Adorei esse. Sabe que se ontem não fosse aniversário do meu pai eu teria ficado não é? E faria as coisas não serem tão ruins. =*

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  2. Ah sim, claro... Infelizmente as coisas saíram de uma maneira inusitada rsrsr.
    Nada que não pudesse ser contornado com um fiozinho de consciência he he he.
    Sim, eu sei.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Mentiras - Florbela Espanca

    Tu julgas que eu não sei que tu me mentes
    Quando o teu doce olhar pousa no meu?
    Pois julgas que eu não sei o que tu sentes?
    Qual a imagem que alberga o peito teu?

    Ai, se o sei, meu amor! Eu bem distingo
    O bom sonho da feroz realidade…
    Não palpita d’amor, um coração
    Que anda vogando em ondas de saudade!

    Embora mintas bem, não te acredito;
    Perpassa nos teus olhos desleais,
    O gelo do teu peito de granito…

    Mas finjo-me enganada, meu encanto,
    Que um engano feliz vale bem mais
    Que um desengano que nos custa tanto.

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