quinta-feira, 30 de abril de 2009

Reencontro...

"Eu queria poder me expressar sem que você já soubesse tudo que se passa dentro de mim. É tudo tão difícil. Você me conhece bem. Hoje conversei com um amigo antigo. Ele estava tão mudado: barba grande, trabalhando em algo que parecia gostar. Era alguém diferente de antes. Minhas lembranças dele no passado são como a lembraça que tenho de nós: juntos sempre, compartilhando ideias. Mas daí tudo mudou de supetão para ele e para nós. Nem vimos em que instante da vida mudamos! E nem ele porque...

Tornou-se outro indivíduo.

Estou cansado deste conformismo que nós nos colocamos. Quero poder sair com os meus amigos e saber o que dizer, sabe? Saber o que pensar em relação a nós e a tudo que se passa na nossa vida. Quantas vezes você desvaneceu na hora que eu mais precisava? E quando eu estava caído, para onde você tinha ido? Quero que você me conte sua história, dos lugares que visitou e se trouxe algo para mim. Quero que me afague o espírito e deixe-me comportar-me como se fosse tua criança novamente. Como na época que brincávamos disso, lembra-se?

Eu senti saudades.

Espero que você possa me perdoar por ter sido fraco na sua ausência. Hoje as coisas mudaram, estou trabalhando também, minha vida vai passando e talvez meus tempos sem ninguém estejam no fim. Nunca se sabe. O que você queria que eu fizesse? Depois que você foi embora eu não consegui mais escrever os mesmos versos. Na verdade, eu não escrevia versos. Meu sentimento se resumia a um círculo vazio de giz branco, que me enredava num espaço limitado desprovido de qualquer coisa exceto um vazio infinito.

Eu também mudei.

Consegue imaginar como me senti? Consegue elucubrar como é não sentir? Não havia raiva, nem dor, nem tristeza, nem nuvens, nem inspiração, nem rancor, nem esperança. Não havia ideia, nem identidade, só inércia. Eu caminhava sozinho de madrugada, às vezes. Ficava pensando comigo sem você! Onde você poderia ter ido? Volta e meia numa esquina eu clamava pela sua volta, esperando que em um dado segundo, você me arrebatasse de maneira pueril, nem que fosse rapidamente. Senti vontade de te sentir no meu coração como antes, poder respirar e dizer: Não se tornará fugaz, minh'alma!

Mas mágoa em mim, não há.

Minha raiva passou, eu te perdoei. Espero que tenha me perdoado também, espero que a recíproca dos meus sentimentos seja verdadeira. Que tenha sentido saudade, chorado de noite pela minha falta e ficado carente como eu fiquei pelo simples fato de te amar demais! Venha até mim e diga que somos um só de novo, que podemos ser felizes e lidar com nossos conflitos, porque eu te amo!

E eu não me sinto mais fraco.

Deixe estar, deixe rolar, vamos viver! Venha comigo, vamos para a cama. Já está muito tarde e amanhã eu levanto cedo demais. Gostaria de se levantar comigo? Poderíamos escrever uma poesia, você me ajuda? O convite que mais quero fazer a você agora, é: Vamos fazer o meu, o nosso coração bater por nós mesmos?

(Esboçou um sorriso)

Venha, vamos dormir."

E, dizendo isto, o rapaz, consternado com o que acabara de fazer, com o diálogo sincero que havia tido com sua outra parte, desligou as luzes de seu quarto, serenamente saiu da frente do espelho e foi dormir.



Você e eu somos muitos, mesmo que apenas um.



Carmani

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Instrumentos De Medida (?)

Quando estamos no Ensino Médio, é bastante comum, volta e meia em uma matéria ou outra, ouvirmos falar de algum tipo de instrumento de medida. Nós crescemos com eles, algumas vezes nascemos com eles e segundo a capacidade inata do homem de estabelecer convenções, fazemos destas coisas sem significado, quando ausentes de um contexto padronizado, um referecial para nossas vidas.

Falando em um contexto puramente científico (qualquer relação com pessoas e eventos reais ou fictícios é mera coincidência) temos o Barômetro para a pressão, o amperímetro para amperes, a régua para centímetros, o bom senso para asneiras, a antiga frase "eu vi em algum lugar que era do jeito que eu havia dito" para pessoas que não reconhecem erros, entre outros.

Agora o que me impressionou e impulsionou a escrever o texto do dia sobre isto, foi uma conversa que ontem tive com uma amiga (totalmente entedida do assunto diga-se de passagem) enquanto a contava algo que havia acontecido comigo naquela noite. Papo vai papo vem, ela me falou que algumas pessoas nascem com um tipo de feeling especial denominado "bibômetro".

Esta explanação é muito simples: A palavra advém do gaygro (lê-se guêigro, a transcrição fonética é ['gygro] ) e dos dois radicais; metro que equivale a medida e bibos que significa entre outras coisas, indivíduo dotado de sensibilidade acentuada, purpurina em volta, afinidade com o seres do mesmo sexo (bofes) de qualquer maneira que envolva muito saltos serelepes e coisas "bááááááárbaras".

Reparem que quando eu digo isto eu realmente me refiro a purpurina (O.o) OMFG.

Bom, voltando à entrevista, minha amiga comentou que entre outras nomenclaturas, este senso de medida para quem é biba (derivação também proveniente de bibos. O verbo se realiza como bibar, leia-se: eu bibo, tu bibas, ele biba e assim por diante. Não confundir a conjugação verbal na segunda pessoa do presente masculino singular com o substantivo biba, você pode acabar em maus lençóis caso não fale sério) é também conhecido como "gaydar".

Percebam a genialidade da mente humana no que tange a capacidade e abrangência que a língua compreende como potência: o primeiro radical é anglo-saxão e significa feliz, o segundo é uma variação pouco usual na qual se mixou através de um processo de hibridismo a palavra "radar" que eu mesmo não faço idéia do que significa (se alguém souber por favor, edifique-nos com este conhecimento tão importante para nossa existência) para expressar uma espécie de localizador que identificasse estas pessoas tão peculiares em seu jeito de ser.

Curioso com a questão, questionei que cada localizador possui um sinalizador para seu reconhecimento. Seja por ondas de satélite, por ondas mecânicas (vibração?) , sinal de celular, microondas e muitas outras, e ela simplesmente me respondeu que eu estou completamente certo: A pessoa que originalmente tem um nível alto na escala do bibômetro, "apita" automaticamente para as pessoas que o detêm, inconscientemente, como um sinalizador universal maravilhoso criado pela natureza, algo quase místico.

A bibologia não é uma ciência exata. As pesquisas recentes tem demonstrado que altos níveis de sensibilidade ou até mesmo contextos sociais podem afetar seriamente no funcionamento do bibômetro. Variações causadas por emoções fortes, segundo o pesquisador nacional de ciência ocultas e doutor em letras apagadas Autista, o Tzimisce, impressões fortíssimas podem ser deixadas no local causando uma espécie de curto-circuito no aparato, causando a leitura de informações errôneas.

Estas pesquisas também tem mostrado que algumas pessoas (eu sou uma dessas! lol) possuem um tipo especial de vibração empolgante que dispara por vezes o apito do bibômetro. Estes seres miseráveis estão condenados pelo resto de suas vidas a serem considerados pitelzinhos, bofes, bonitinhos, gatinhos, fiu-fiu's pelo mais variado tipo de biba, sejam elas as qua-quas (no sentido de pato), as poc-poc's (onomatopéia para o salto) ou qualquer outra.

Ora, imaginem que se toda biba apitasse no sentido literal, os guardas de trânsito não existiriam mais! Logo, não é a versão denotativa da palavra a qual me refiro (caso contrário o que teria de despertador tocando no meio da noite não ia estar no gibi). A entrevistada não deu mais informações sobre o assunto, mas definitivamente se acabou de rir no processo. Ela se recuperou da crise e passa bem.

Como já foi comentado brevemente por mim em outros textos, existe uma relação visceral que diz quando um outro homem está dando em cima da sua amada descaradamente. Diferentemente disto, o bibômetro pode aparecer em qualquer sexo. Muitas mulheres possuem um bibômetro aguçadíssimo, o que de maneira alguma é uma variação do sexto sentido tão conhecido, segundo esta mesma amiga. "Você simplesmente sabe", disse ela.

Então se você tem um bibômetro, parabéns! Pode ser que você seja o próximo passo na escala evolutiva, um bom observador ou que simplesmente não tenha tido nada melhor pra fazer do que ficar lendo este tipo de texto (=D).

Ah, e se você é como eu, que de vez em quando dispara o aparelho sem querer, não fique triste e sorria de quem sofre do mesmo mal.

Afinal, eu já estou rindo de você.

Se convenções podem ser um legado, porque a aceitação também não pode?
Carmani

terça-feira, 28 de abril de 2009

A Sapiência Azul

Desde o momento que o despertador tocou, estridente, o rapaz na cama a poucos metros dali já sabia, ainda dormindo, que não deveria se levantar.
Os olhos se abriram e a garganta explodiu em chamas, a dor se alastrava ao longo da traquéia e causava imenso desconforto. Os olhos inchados com muitas olheiras e a fronte inflamada como se houvesse dormido com a testa em cima de uma chapa de fast food contribuíam para aquele conhecimento adiantado: o dia não seria nada fácil.

Se levantou a contragosto enquanto um vento gélido percorria seu corpo quase desnudo fazendo-o estremecer. Olhou para o céu lá fora e voou para qualquer lugar que não fosse o que ele deveria estar dali a pouco menos de uma hora.

Depois dos tratamentos de praxe; banho, café da manhã (e quando digo café da manhã eu realmente me refiro a uma xícara de café) e roupas formais, saiu apressado afim de tomar o ônibus. Todos sabemos que quando o dia vai ser de cão e você tem carro, você opta pelo ônibus.


Nós todos também sabemos que você apenas se lembrará que esqueceu alguma coisa quando estiver longe demais para voltar e perto o suficiente para ficar muito puto.

Sabemos que se você deixar passar um ônibus meio cheio para esperar um mais vazio, um muito mais cheio do que aquele chegará no último momento e o motorista só estará adiantado com o horário dele se você estiver atrasado com o seu.

Resmungou pela ausência dos fones, do crachá necessário no trabalho e de um maço de cigarros extra. Da próxima vez esqueceria a cabeça, não era tão importante. Chegando no ponto com um cigarro no bico e pensando em nada mais além de sua cama, quis voar novamente no céu. Havia esquecido o isqueiro (¬¬') porém encontrou na rua, uma moça que tinha fósforos.

O céu de Brasília, como diz um sábio escritor, é o mais azul do Brasil e o Brasil tem o céu mais azul do mundo. Apesar da brisa frígida e daquele jeito sem graça de segunda-feira, o céu possuía o azul demonstrado na bandeira, límpido, sereno, com cores que variavam de um amarelo leve próximo ao sol que nascia tímido, até um gelo potente que retratava as nuvens dissolvidas na madrugada anterior, agora parte do orvalho que cobria a grama que molhou seus sapatos de camurça insistentemente durante a caminhada até onde pegaria a condução.

Ficou ali naquela relação íntima com o celestial, dentro de um transporte que só tinha espaço nas portas e janelas (do lado de fora) até chegar ao seu destino final (o cigarro tinha acabado faz tempo, vocês não perceberam?). Infelizmente onde tinha ido não haviam muitas janelas e só pôde ver o céu uma vez mais até a hora do almoço. Uma dor de cabeça fortíssima o atormentava. O Céu ainda estava azul, entretanto.

A tarde transcorreu com o humor mudando para a melancolia e o céu para um cinza emburrado, querendo mostrar o quanto era poderoso. Havia mandado uma mensagem a ela pela manhã. Tinha ligado, sem resposta. Estaria bem? Não o havia respondido. Sentia saudades.

A garganta continuava doendo quando a noite começou. O dia se transformou de um ciano bonito a um cinza carregado, acompanhado de uma leve chuva, quando saiu novamente para pegar o ônibus. Não havia mais azul no céu e nenhuma estrela conseguiu uma brechinha na cortina de nuvens negras que havia nessa noite. Não conseguiu ver o pôr do sol tampouco e isto o entristecia.

A prova na qual deveria ter se saído bem foi péssima. Havia estudado tanto! Um branco enorme de idéias, o conteúdo fugiu. Só conseguia pensar no céu enquanto lá dentro. Ela não havia ido à universidade e depois de uma troca de mensagens, disse estar no hospital. Antes disto já chovia um pouco mais.

Hora de ir pra casa, o mundo estava desabando. O cigarro havia acabado e mesmo que não houvesse, seria mais fácil fumar uma lanterna que acender uma chama qualquer naquele tempo. Praguejou a ausência dos fones de novo, mas desta vez sentiu mais pelo casaco que também esquecera.

Disse a ela que estava indo embora. O ônibus chegou novamente, pela quarta vez no dia, e uns dois minutos depois de entrar lá, a chuva diminuiu um pouco. Não poderia ter diminuído quando estava espremido no ponto com outras pessoas que tentavam se abrigar do temporal que se abatia sobre eles? Divertiu-se por uns instantes com esse pensamento. Nos tempos imemoriáveis a desgraça humana já era motivo de entretenimento; hoje em dia as coisas não haviam mudado tanto. Mas com certeza estavam mais discretas.

Uma canção perpassou a cabeça levando aquela reflexão para longe.


Uma mensagem chegou.
Ela dizia que sentia muito por tantas nuvens, dizia que sentia falta dele, dizia que estava bem e que queria vê-lo em breve.


Foi então que uma estrela apareceu no céu e piscou para o jovem sorrindo feito bobo. A estrela permaneceu uns bons dez minutos no curso do ônibus, brilhando em um ritmo oscilante como a respiração de quem está correndo. O movimento das nuvens finalmente a encobriu, todavia sempre uma outra aparecia num viés para dar um tchauzinho para aquele dia que terminava e para que o rapaz virasse a cabeça rapidamente com os olhos faiscantes, como se estivesse próximo a desvendar os mistérios do universo, chamando a atenção das pessoas ao redor e fazendo papel ridículo.

Saltou do ponto encharcado, ciente de uma nota ruim, mais doente do que nunca, morrendo de fome, sem os fones, o cigarro, o casaco e até mesmo o azul... Mas ainda assim sorria.

O rapaz entendeu que em algumas poucas vezes, bem poucas, a saudação de um anjo faz valer a pena ter vivido o inferno.

Deitou a cabeça no travesseiro, contente, alimentado, seco, medicado, ouvindo uma música baixinha e bem aquecido. Mas acima destas coisas: Deitou-se com o pensamento no céu do dia seguinte e no sorriso que traria ao rapaz novamente...


E antes de adormecer, desejou isso...



"Qual o valor de um gesto para você?"
Carmani

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Capricho, fuxico, tititi, mimimi e outras revistas...

Artigos femininos! Quem entende os tablóides tão divulgados hoje em dia?
Toda semana vou até a banca de jornal próxima do apartamento onde moro,
afim de comprar a última edição de alguma revista qualquer (não é a que vocês
estão pensando) e me espanto com o fluxo e refluxo de notícias fúteis que
enormes revistas (Caras
ou o que?) ou pequenos folhetins explicitam sobre a
última namorada do galã da novela das seis da rede globo.

Parando para avaliar de uma maneira fria; moças, o teste
"Qual é o namorado perfeito?"
de uma revista criada por um editor(a) entediado(a) que está louco(a) para
trabalhar em algo realmente sério não vai dizer o seu futuro amoroso,
sinto decepcioná-la.

Eu digo isto pois mesmo que algumas leiam só por curiosidade, sem que ninguém
esteja olhando, sempre pode haver aquela esperançazinha malévola guardada
em algum canto escuro da alma e a maldita caneta para você preencher as
questões do teste e avaliar o número de letras A, B, C ou D que você conseguiu,
sempre aparece nas mãos como que por encanto.

Ora, alguém lê este tipo de cultura, não é? Caso contrário todos os tablóides sumiriam.
Pergunte ao seu jornaleiro quem compra este tipo de revista e você ficará embasbacado
com a resposta: executivas, médicas, arquitetas, universitárias e seus respectivos
masculinos em alguns casos (?).

Os homens devem estar se acabando de rir agora (eu mesmo estava, tenho que confessar)
mas tenho que fazer uma ressalva para as moças inteligentes. Aquelas que não gastam
o seu tempo lendo este tipo de porcaria e que na maioria das vezes ou estão solteiras
ou com algum cara mais velho.

Tudo isso se deve a um motivo muito simples: O quantitativo artigos de revista feminina
que falam sobre assuntos fúteis sem qualquer embasamento teórico, só é superado
pela quantidade de homens burros que existem no planeta.


"Pior do que uma leitura ruim é a ausência da mesma."

Pergunta comum de marido para esposa à mesa do café: " Amor, você viu o caderno esportes?"
Carmani

domingo, 26 de abril de 2009

Um dia de nuvens(?).

Fazia pouco tempo desde que aqueles dois jovens haviam se encontrado pela última vez.
A bobagem que cometera um deles marcava a sensação de culpa em seu coração, dor esta
que apenas contrastava com a mágoa guardada no peito do outro, agora desconfiado.


Não havia muito o que fazer. Nestas situações a atitude que deve ser tomada é bem simples:
Dizer aquilo que sente, ser sincero consigo mesmo e torcer para que acreditem em você. Mas claro, eu estou divagando.


O domingo transcorria sem problemas. Como sempre, a fumaça anuviava o semblante do
quarto deixando um cheiro forte de tabaco, numa tentativa do garoto ali a soltar baforadas despreocupadas, de parafrasear sua alma e retratar naquelas ondas sibilantes
de gás tóxico, as inseguranças e os medos que o faziam estremecer quando a noite caía e o
silêncio tomava conta.

Haviam duas pessoas no local; um deles estava entretido com o computador e seu mundo de informação, enquanto o
outro tentava não transtornar-se com as ligações não respondidas daquela que habitava seus
pensamentos já há algum tempo.

Foi quando o celular deu sinal de vida; um festival de cinema
acontecia e ela disse que se ele quisesse poderia aparecer por lá...

Talvez se soubesse o rapaz
as surpresas que aquele pedido simples, aquele comentário despretensioso, quase
desinteressado daquela menina fossem causar, ele teria se escondido, temeroso em suas
cobertas e esperado o dia amanhecer sem sair de lá.

Depois que as coisas acontecem, a raiva se instala, a tristeza floresce e os sentimentos se esvaem como um fluxo contínuo de essência de qualquer que seja o lugar onde estes residem dentro de nós,
não há muito o que se pensar além de; "Bom, acho que isto acontece com todo mundo". Seria ótimo se pudéssemos controlar todos
os impulsos que seguem diretamente de nosso cérebro até a boca ou os braços no caso da
vontade de descer a mão em alguém, mas nem sempre é possível ser humano desta maneira.

Foi o azar do rapaz naquela noite. Não importa o que as mulheres digam: Quando um homem
quer estar com uma mulher de uma maneira que está além da amizade platônica que até hoje elas acreditam existir, e ele se empenha nisto, outros homens percebem na mesma hora as intenções do dito gavião.

Pode parecer machismo mas não o é, moça de nariz torcido que lê estas linhas; é mais ou
menos como um sexto sentido masculino, entendam desta forma, algo que nasce dentro de cada ser com testosterona em excesso no corpo.

Por isto, se você homem, quiser se manter sóbrio perante o melhor amigo dela que dá em cima
descaradamente e que você não suporta nem o fato de que ele esteja no mesmo universo que você, tente olhar as estrelas, criar suposições malucas sobre os halos de luz que se
formam em volta dos postes mal cuidados e parecer agradável e descontraído se você conseguir
(eu não consigo) sem criar uma atmosfera ruim.

Tratar mal as pessoas é algo realmente muito feio, mas quando sentimos algo muito forte fica
difícil se controlar. Os namorados enciumados são conhecidos pelas explosões repentinas de fúria quando vêem que sua amada está sendo cortejada por outro e muitas vezes nem o status quo de namorado existe!

Foi por ter aprendido a lição anteriormente citada, que o rapaz se manteve o
mais impassível que seu ódio o permitiu ao ver o par de mãos se entrelaçando. A visão da mão
dele por cima da dela dando noção de posse, malditos conhecimentos de linguagem corporal, não o fez saltar no pescoço dele como um leão
ferido que defende a própria sobrevivência, por apenas um fiozinho de prudência que ainda restava numa consciência que agora estava como uma criança de cinco anos que tenta conter um rottweiler ensandecido.

A noite transcorreu com uma tensão leve, raramente percebida ou veementemente ignorada,
e pontuada por discussões particulares entre ele e ela que irrompiam sem mais nem menos.
Entretanto na hora da despedida, seus olhos brilharam como as estrelas escondidas pelas
nuvens daquele começo de semana rotineiro, aquele jeito bonitinho e sensível com o qual ela falava, tocou aquele coração duro (como vocês conseguem fazer isto?) e
amargo, cansado demais de sofrer e ser rejeitado pelas pessoas que julgava certas.

Confissões enquanto o dito-cujo esperava no carro, o garoto agora mais calmo queria deixá-la em casa mas teve que ceder a conveniência, um beijo escondido, risos abafados e ao já mencionado olhar.

É, tudo estava bem, no fim das contas.

"Foi pouco depois das nuvens que o domingo acabou."

Apesar disto, remanesceu um sorriso.

"Hey este é meu primeiro post. Espero que gostem."

Carmani