sexta-feira, 8 de maio de 2009

Os Efeitos do Ópio - Primeira Parte

Modelos... Cada pessoa dentro de seu próprio pensamento, idealiza um parceiro ideal para estar ao seu lado. Alguém que possa corresponder às suas expectativas. Noções básicas de amor e aceitação nas acepções do idealizador as quais, em sua maioria, não refletem a verdade.

A explosão de sensações e atitudes repentinas decorrentes do processo de comunicação pode ser algo bem assustador para os despreparados: Uma palavra errada, um sorriso que possa transparecer sarcasmo ou mesmo atitudes forçosamente condicionadas para a correspondência de um desejo podem, e fazem com que tudo saia da maneira errada. E assim acabam casamentos, amizades de décadas e amores perfeitos.

Essa visão, reação das coisas que acontecem, advém de que todos nós cumprimos papéis sociais nos locais que frequentamos. A maneira com a qual agimos em nosso trabalho, jamais será a mesma que procedemos em nossa casa. Neste viés, podemos supor que a interação social em si, apesar de ser uma maravilhosa ferramenta, permitidora da evolução humana, dá uma margem imensa a dissimulações, embustes, falácias, mentiras, safadezas, fuleiragens e todo o tipo de cachorrada que algum no sense queira fazer com outro.

Ora, as pessoas não esperam exatamente isso? Estar inserido em algo previsível cujo contexto é estático em maior parte dos casos e totalmente dedutível? Bom dia se responde com bom dia! Um sorriso se responde com um outro sorriso. Seguir estas normas implícitas não é somente uma conduta socialmente aceita como também o jeito mais agradável de se relacionar com os outros, não é?

É... Entretanto esse contexto não marca o que realmente somos em sua totalidade. Somos particionados, o somatório de dezenas de papéis, comportamentos, status e reações nas mais diversas situações (mesmo sendo defronte um espelho). Aí é onde mora o perigo.

Quantas vezes você já foi comprado pelo seu modus operandi?
E a velha frase: "você não era assim...", já a ouviu?
Os enganos são comuns, eu arrisco dizer, são inevitáveis. Aí é onde mora o amor.

O dito sentimento se faz pela capacidade de superação.

Pelo descobrimento,mesmo que tardio, dos medos e sonhos daquele(a) que está ao nosso lado.
Não é o engano em si o portador do amor, tampouco é uma prática consciente desta "enganação" (isto se chama mentira), e sim o significado do que vale a pena ou não.

O amor é uma questão de pesos.
É a capacidade de discernir, aceitar e sacrificar pelo outro, em prol do outro.
É adorar ao ponto de não somente suportar os defeitos mas de vê-los como algo saudável, nato e que permite crescimento.
É enlouquecer de saudade não pelo fato do objeto de seu desejo não estar ali e sim porque ele se foi no dia anterior e você sente medo.

Esse é o sonho, mas os modelos nunca são aquilo que realmente queremos. O que o homem mais quer e ao mesmo tempo mais teme são surpresas:

Dar um sentido na vida, um novo direcionamento, mas ao mesmo tempo algo capaz de mostrar a ele o que se tornou e quão acomodado está.

Os ideais são feitos de sonhos mas não são sonhos. Modelos não são feitos de sonhos.
Claro, todos temos problemas. Os cinco sentidos do homem são fiéis, mas tendenciosos às ações inerentes a todo ser.

Logo:

Só enxergamos o que queremos,
Só comemos o que gostamos,
Só farejamos desconfiança,
Só ouvimos falar mal dos outros,
Só tocamos o que nos toca antes,

E por isto e aquilo continuamos na espera...

Qual é o som de um sentimento?


Carmani

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